Quitando a Dívida Cognitiva: Como Transformar IA de Muleta em Trampolim
Três competências humanas que a IA amplifica (e como desenvolvê-las com ou sem tecnologia)
Tempo de leitura: 15 minutos
Este é o segundo artigo de uma série sobre IA e educação. No post anterior, exploramos como o uso passivo de IA pode criar uma "dívida cognitiva" - a erosão gradual de nossas capacidades mentais fundamentais. Agora, vamos descobrir como transformar essa ameaça em oportunidade.
Índice
Nota: Com exceção das referências a artigos e pesquisas citados, todos os personagens e situações descritas neste texto são fictícios, criados para ilustrar práticas pedagógicas observadas em diversos contextos educacionais.
A Virada do Professor Ricardo
Três redações idênticas sobre a Revolução Francesa: mesma introdução "wikipédica", mesma estrutura e organização do texto, mesmo desfecho genérico. O professor Ricardo Mendes, que já havia achado estranha a diferença entre o trabalho de Mariana e sua apresentação em sala, suspirou: "ChatGPT, claro".
Na aula seguinte, Ricardo resolveu virar o jogo:
"Vocês vão entrevistar um aristocrata fugindo de Paris em 1789. O ChatGPT será seu entrevistado. Têm 20 minutos para extrair a história mais humana e contraditória possível. Mas atenção: serão avaliados pela qualidade das PERGUNTAS, não das respostas."
A sala ferveu.
"Você sente culpa pelos camponeses famintos?"
"O que diria a Maria Antonieta?"
"Seus filhos te julgarão como vítima ou vilão?"
"Acha que a França mudará após a Revolução? De que maneira?"
Para fechar, Ricardo pediu que os alunos cotejassem: (1) as perguntas geradas, (2) as respostas do ChatGPT, (3) seus próprios resumos e (4) o livro didático.
A mesma IA que gerara dívida cognitiva agora gerava capital intelectual. A diferença? Design pedagógico.
Mas Ricardo não é exceção - é sintoma de uma mudança sísmica na educação.
O Paradoxo do Nosso Tempo
O professor Ricardo não está sozinho: pesquisa do PEW RESEARCH (2025) aponta que 25% dos adolescentes norte-americanos usam o ChatGPT para tarefas - o dobro do ano anterior.
E no Brasil? Dados do CETIC.BR – TIC Kids Online Brasil (2023) indicam que 88% dos jovens de 9 a 17 anos usam internet para trabalhos escolares. Com a popularização do ChatGPT, quantos já descobriram esse "atalho"?
O professor e ensaísta Hua Hsu, em "What Happens After A.I. Destroys College Writing?" (2025) relata: alunos da New York University (NYU), combinam Claude (pesquisa), DeepSeek (raciocínio) e Gemini (imagens) para produzir ensaios em 30 min, quando antes gastavam oito horas, e admitem não lembrar nem mesmo a tese dos trabalhos.
Hsu indica que a escrita acadêmica está se transformando em um rito burocrático e identifica três desafios centrais da IA na educação:
A terceirização do raciocínio - erosão do pensamento crítico e da capacidade de retenção quando delegamos a construção de ideias
O colapso da avaliação tradicional - papers se tornam inúteis como métrica, transformando professores em "policiais pós-entrega", dada a fragilidade dos detectores de IA
A normalização de uma abordagem transacional da educação - estudantes veem tarefas como obstáculos a contornar, não oportunidades de aprendizado.
"A forma como escrevemos organiza como pensamos. Quando terceirizamos a escrita, arriscamos terceirizar o próprio pensamento", alerta Hsu.
Enquanto isso, vagas de emprego que citam AI literacy (a capacidade de entender, usar e avaliar criticamente ferramentas de IA) cresceram mais de seis vezes em 12 meses (LinkedIn Economic Graph, Work-Change Report, 2024) e 66% dos líderes não contratariam quem não domine IA (Microsoft & LinkedIn, Work Trend Index, 2024).
Eis o paradoxo: a ferramenta que ameaça criar "copiadores sofisticados" é a mesma que o mercado exige que dominemos.
Como, então, formar alunos que usem a IA sem serem usados por ela?
O Espectro da Autonomia: Navegando Entre Mundos
A solução não está em proibir ou liberar o uso de IA na educação. Está em algo mais sutil: o que chamo de "Espectro da Autonomia" - saber quando, como e por quê escolher cada abordagem.
Mais do que isso, o Espectro permite aos estudantes navegar no mundo da IA não a partir do domínio de uma ferramenta específica, mas a partir do conhecimento necessário para que não sejam dominados por ela.
Afinal, o ChatGPT de hoje será obsoleto amanhã, mas a capacidade de pensar criticamente, criar com propósito e conectar-se com empatia – essas são as competências que nos mantêm no comando, não importa qual IA surja.
Entendendo o Espectro da Autonomia
Imagine um músico aprendendo a tocar violão. Sente as cordas, constrói calos nos dedos, tira som do silêncio, domina os acordes. Depois, descobre a guitarra elétrica, pedais e amplificadores, multiplicando possibilidades sonoras. Por fim, escolhe conscientemente: violão para a roda íntima, guitarra para o show, ou mistura os dois dependendo do roteiro do show.
O que não muda? A musicalidade. O ritmo. A singularidade da interpretação. Essas competências transcendem o instrumento.
O Espectro da Autonomia funciona assim: três níveis de prática para cada competência, não como degraus a subir, mas como instrumentos numa banda. O professor escolhe qual usar baseado no objetivo pedagógico, nos recursos disponíveis e – crucialmente – no que os alunos precisam desenvolver naquele momento.
Nível 1 - Fundação Analógica: Como o violão, funciona em qualquer lugar. Práticas com papel, voz e pensamento. Sem computador ou internet, a aula continua, construindo os "acordes fundamentais" do pensar. Aqui desenvolvemos as competências em sua forma mais pura.
Nível 2 - Amplificação Digital: A guitarra elétrica do aprendizado. IA como amplificador. As mesmas competências, agora com volume aumentado.
Nível 3 - Integração Fluida: O "unplugged" pedagógico. Escolha consciente de qual instrumento serve melhor ao contexto ou à música que quer criar. A sabedoria está em saber quando cada abordagem potencializa a competência desejada.
O segredo? Em todos os níveis, desenvolvemos as MESMAS competências fundamentais. A IA é apenas uma das ferramentas possíveis - poderosa, sim, mas ferramenta. O que importa é o músico, não o instrumento. A chave está em trabalhar um conjunto de competências, com ou sem uso de IA na sala de aula.
Mas isso nos leva a uma questão fundamental: quais competências priorizar?
As Competências que a IA Não Pode Roubar
A resposta não vem de especulação, mas de convergência robusta entre dados globais e nossa realidade educacional.
De acordo com o Future of Jobs Report 2025 do Fórum Econômico Mundial, 39% do conjunto de competências-núcleo de um trabalhador médio deverá se transformar ou tornar-se obsoleto até 2030. Entre as habilidades humanas, o relatório mostra que pensamento criativo já é tratado como competência essencial por 74% das empresas e que 84% dos empregadores planejam ampliá-lo ainda mais nessa década.
No mesmo horizonte, 92% das organizações preveem intensificar o uso de capacidades ligadas a IA e Big Data, enquanto 81% apontam a alfabetização tecnológica como outra frente de crescimento.
Aqui está o insight crucial: mesmo com todo esse crescimento tecnológico, o cluster "trabalhar com os outros" mantém um potencial de automação de apenas 26% — dado WEF 2023, não revisado em 2025.
Em paralelo, as orientações da UNESCO (2024) são taxativas: à medida que sistemas de IA avançam, as competências centradas no humano — investigar com ceticismo, criar com identidade e cooperar com empatia — tornam-se mais valiosas, não menos.
Foi então que fiz uma descoberta fascinante.
Quando cotejamos as 10 competências gerais da BNCC com relatórios como o Future of Jobs Report 2025 (WEF), o Learning Compass 2030 (OECD) e as diretrizes da UNESCO (2024), encontramos 7 competências que se agrupam naturalmente em três domínios que a sociedade e o mercado consideram irredutivelmente humanos, como mostra o quadro a seguir.
1. Pensamento Investigativo Crítico
(BNCC 2 · 5 · 1)
Em palavras simples: É a capacidade de não aceitar qualquer resposta. De perguntar "por quê?", "quem disse?", "qual a fonte?", "a quem interessa?".
Por que é urgente:
80% das empresas consideram pensamento analítico essencial (WEF, 2025).
Em um mundo inundado de informação gerada por máquinas, a capacidade de avaliar criticamente respostas de IA é questão de sobrevivência intelectual (UNESCO, 2024)
Exemplo prático: É a diferença entre o aluno que copia a primeira resposta do ChatGPT e aquele que pergunta "mas por que a IA respondeu isso e não aquilo?".
2. Autoria Criativa e Cultural
(BNCC 4)
Em linguagem simples: É a capacidade de criar algo que só VOCÊ poderia criar, porque só você viveu sua vida, no seu bairro, com sua família, suas referências.
Por que é urgente:
74% das empresas já veem Pensamento Criativo como competência-núcleo e 84% planejam ampliá-la até 2030 (WEF 2025).
A OECD identifica "criar novo valor" como competência transformadora porque inovação não é só tecnológica - é criar soluções únicas para problemas locais, conectar saberes tradicionais com desafios contemporâneos (OECD Learning Compass 2030)
Num mundo de conteúdo genérico gerado por IA, sua voz única - moldada por sua cultura e vivência - é seu maior diferencial
Um país de elevada diversidade cultural não pode formar alunos que produzem textos que poderiam ter sido escritos em qualquer lugar do mundo
Exemplo prático: É a diferença entre pedir pra IA "escrever um texto sobre meio ambiente" e usar a IA para estruturar um rap sobre o córrego poluído onde seu avô pescava.
3. Cidadania Ética e Colaborativa
(BNCC 7 · 9 · 10)
Em linguagem simples: É a capacidade de entender o outro lado, construir pontes onde outros constroem muros, encontrar soluções que funcionem para todos.
Por que é urgente:
O cluster "Colaboração e Trabalho em Equipe" mantém apenas 26% de potencial de automação (dado WEF 2023, não revisado em 2025)
A Brookings (2024) lembra que educação é "fundamentalmente humana" — máquinas não criam empatia
Enquanto algoritmos criam bolhas e polarização, precisamos de cidadãos capazes de atravessar fronteiras ideológicas e construir consensos
No Brasil, divisões sociais profundas tornam a formação de construtores de consenso uma prioridade nacional.
Exemplo prático: É a diferença entre ganhar um debate provando que o outro está errado e mediar um diálogo onde todos saem compreendendo melhor uns aos outros.
Percebe o padrão? Estas três competências capturam o que só humanos podem originar. A IA pode amplificá-las poderosamente, mas não pode substituí-las - porque não vive experiências, não tem contexto cultural, não sente empatia genuína.
Da Teoria à Prática
Sei o que você deve estar pensando: "Tudo muito bonito na teoria, mas como isso funciona na sala de aula real?"
Para responder, vou apresentar três estudantes - cada um representando um nível do Espectro da Autonomia. Vamos acompanhá-los desenvolvendo TODAS as três competências e descobrir como, quanto melhor desenvolvem essas habilidades humanas, mais poderosa se torna sua dança com a IA.
Conheça Nossos Três Protagonistas
Ana Clara - Escola Rural em Santarém, PA Nível 1: Fundação Analógica Sem internet, sem computador. Tem quadro negro, giz, e professora Márcia que acredita.
João Victor - Escola Estadual em Osasco, SP Nível 2: Amplificação Digital Laboratório com 15 computadores para 35 alunos. Internet quando funciona.
Yasmin - Colégio Particular em Recife, PE Nível 3: Integração Fluida iPad individual, todas as ferramentas. O desafio é escolher qual usar.
Acompanhe como cada um desenvolveu as mesmas competências em contextos completamente diferentes.
Pensamento Investigativo Crítico
BNCC 2 · 5 · 1
A mesma fake news do chip 5G chegou às três escolas. Veja como cada estudante investigou.
Ana Clara criou um "tribunal da verdade" no quadro negro. Colunas: AFIRMAÇÃO | EVIDÊNCIA | FONTE | DÚVIDA.
Caminhou 2km até o posto de saúde. Entrevistou Dona Socorro, enfermeira há 30 anos. Voltou com desenhos: tamanho real do chip, da agulha, do músculo.
"Olha só, gente. Nem se quisessem cabia!"
Mas foi além. Perguntou: "Por que alguém inventaria isso?"
Descobriu: medo vende. Caos lucra. Dúvida paralisa.
Competência desenvolvida? Investigação crítica. Ferramenta? Pernas, papel e perguntas.
Enquanto isso, em Osasco...
João Victor teve 20 minutos no computador. Foi cirúrgico:
"ChatGPT, histórico de teorias conspiratórias sobre vacinas" "Quem financiou estudos antivacina fraudulentos?" "Componentes reais das vacinas COVID"
Printou tudo. Mas não parou aí.
Cruzou com site do Butantan. Checou no PubMed. Comparou com fact-checkers.
Percebeu: até IA pode repetir desinformação se você não souber perguntar.
Mesma competência. Ferramenta? IA como ponto de partida, não chegada.
E em Recife?
Yasmin mapeou no papel como a fake news chegou até ela. WhatsApp da família → Instagram → Twitter.
Depois, treinou três IAs diferentes pra debater entre si. Uma defendendo, outra atacando, terceira mediando.
Por fim, gravou vídeo-resposta pro grupo da família. Mas customizado:
Para os mais velhos: depoimento de médicos da geração deles
Para os primos adolescentes: TikTok desmontando o mito com humor
Para a avó religiosa: Papa Francisco tomando vacina
Para o tio cético: dados do próprio Instituto Butantan
Não era sobre convencer. Era sobre falar a língua de cada um.
Competência máxima: saber qual ferramenta usar quando, com quem, e por quê.
O padrão que emerge: Três detetives. Três caminhos. Uma verdade: pensamento crítico independe de banda larga.
Autoria Criativa e Cultural
BNCC 4
Agora o desafio era outro: criar algo sobre sustentabilidade local. Como cada um transformou informação em arte?
Ana Clara sentou com Seu Raimundo, pescador mais velho da comunidade. Ouviu por três horas. O rio antes da barragem. Os peixes que sumiram. As lendas que se foram com eles.
Transformou em teatro de sombras. Papel recortado, lanterna da escola. Antes: cardume dançando. Depois: só sombra de turbina.
Presente à apresentação, seu Raimundo chorou. "É isso mesmo, menina. É isso mesmo."
Competência? Criar a partir da raiz. Ferramenta? Escuta profunda e papel.
João Victor enfrentou desafio similar, mas com outros recursos.
Foi ao córrego perto da escola. Gravou áudios no celular velho. "Aqui eu pescava lambari", disse Seu José, vizinho da escola.
Na lan house (1h = R$4): "ChatGPT, estrutura de rap sobre poluição de córregos urbanos"
A IA deu métrica perfeita. João inseriu:
As falas reais do Seu José
O cheiro específico do córrego na seca
O sonho de ver o filho pescando ali um dia
Gravou com os manos do bairro. Beat na lata. Voz na alma.
Viralizou. Prefeitura prometeu limpeza. Cumpriu metade.
Mesma competência. IA? Parceira técnica. Vivência? Insubstituível.
Yasmin tinha tudo. O que fez com isso?
Criou experiência completa.
Fase 1: Imersão. Uma semana no mangue com pescadores.
Fase 2: Produção. IA gerou:
Trilha sonora misturando sons do mangue com música eletrônica
Visualização de dados: mangue em 1990 vs 2025
Realidade aumentada mostrando fauna desaparecida
Fase 3: Instalação na quadra da escola:
Lama real do mangue no chão (com lona embaixo)
Tablets com AR mostrando caranguejos extintos
Pescadores presentes, contando histórias
QR code pra doar pra cooperativa
Semana de exposição. 300 pessoas da comunidade passaram. 50 doaram. 10 viraram voluntários.
Competência plena: fundir mundos para transformar consciências.
O padrão que emerge: Três criadores. Três contextos. Uma alma: dar voz ao que está morrendo em silêncio.
Cidadania Ética e Colaborativa
BNCC 7 · 9 · 10
O teste final: mediar um debate explosivo sobre redução da maioridade penal. Como construir pontes em vez de muros?
Ana Clara propôs o "mural dos medos". Papel pardo. Canetões. Anonimato garantido.
"Medo do meu filho de 14 ser preso como adulto" "Medo de morrer indo pro trabalho" "Medo de não ter futuro" "Medo do futuro que estamos criando"
Leu todos em voz alta. A sala pesou. Os medos não tinham partido.
"Agora cada grupo defende o lado OPOSTO ao seu."
Foi doloroso. Mas revelador. "Eles também têm família..." "Nós também queremos paz..."
Competência? Construir pontes com coragem. Ferramenta? Vulnerabilidade.
João Victor trouxe sua experiência pessoal para o debate.
Conhecia os dois lados - perdeu um amigo, tem primo preso.
Nos 20 minutos de computador: "ChatGPT, crie 4 personas sobre redução da maioridade penal"
Surgiram histórias. João expandiu com dados reais:
Taxa de reincidência: sistema atual vs propostas
Casos de ressocialização que deram certo
Custo presídio vs programa socioeducativo
Imprimiu. Distribuiu aleatoriamente. "Defendam a persona que pegaram."
Quando o aluno mais durão chorou defendendo a mãe que perdeu o filho, o debate mudou de tom.
Mesma competência. IA? Espelho de humanidade.
Yasmin orquestrou a experiência mais complexa.
Semana 1: Coleta. Entrevistas anônimas via forms:
Jovens em medida socioeducativa
Famílias de vítimas
Policiais
Educadores
Semana 2: Análise. IA processou:
Palavras mais frequentes
Emoções dominantes
Valores escondidos mas compartilhados
Semana 3: Encontro. Projeção em tempo real das palavras enquanto falavam.
Quando "MEDO" explodiu gigante de TODOS os lados, Yasmin pausou.
"Viram? Todos aqui têm o mesmo sentimento base. Vamos começar por aí?"
Saíram com projeto conjunto: jovens e policiais visitando escolas juntos.
Competência máxima: usar toda tecnologia para revelar nossa humanidade comum.
O padrão que emerge: Três mediadores. Três caminhos. Um sentido: transformar medo em ponte.
E aqui chegamos ao insight final...
Ana Clara, João Victor e Yasmin provaram que competência humana não depende de infraestrutura tecnológica. Depende de design pedagógico intencional, de professores que acreditam, de espaços para exercitar o que nos torna únicos.
Enquanto aguardamos os investimentos públicos em tecnologia e formação de professores chegarem equitativamente a todas as escolas do país, podemos - e devemos - seguir formando cidadãos dotados de pensamento crítico, criatividade e empatia.
A IA? É ferramenta poderosa quando nas mãos certas. Mas as mãos precisam saber o que fazer, por que fazer, e - crucialmente - quando não fazer.
Esse é o futuro da educação: não humanos contra máquinas, mas humanos COM máquinas, no comando, criando o mundo que queremos ver.
No próximo artigo da série: as 5 práticas concretas do "Espectro da Autonomia" para sua sala de aula.
Referências
BROOKINGS INSTITUTION. AI Has Rendered Traditional Writing Skills Obsolete (blog post). Washington, DC, 14 mar. 2025. Disponível em: https://www.brookings.edu/articles/ai-has-rendered-traditional-writing-skills-obsolete-education-needs-to-adapt/. Acesso em: 22 jul. 2025.
CETIC.BR. TIC Kids Online Brasil 2023: Pesquisa sobre o uso da Internet por crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: CGI.br, 2024. Disponível em: https://cetic.br/pt/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-da-internet-por-criancas-e-adolescentes-no-brasil-tic-kids-online-brasil-2023/. Acesso em: 22 jul. 2025.
HSU, Hua. What Happens After A.I. Destroys College Writing? The New Yorker, 11 jan. 2025. Disponível em: https://www.newyorker.com/culture/the-weekend-essay/what-happens-after-ai-destroys-college-writing. Acesso em: 22 jul. 2025.
LINKEDIN ECONOMIC GRAPH. Work‑Change Report 2024: AI Literacy in Job Postings. Mountain View: LinkedIn, 2024. Disponível em: https://economicgraph.linkedin.com/research/work-change-report-2024. Acesso em: 22 jul. 2025.
MICROSOFT; LINKEDIN. Work Trend Index 2024: Will AI Fix Work? Redmond: Microsoft, 2024. Disponível em: https://www.microsoft.com/en-us/worklab/work-trend-index/2024. Acesso em: 22 jul. 2025.
OECD. OECD Learning Compass 2030: A Series of Concept Notes. Paris: OECD Publishing, 2019. Disponível em: https://www.oecd.org/education/2030-project/. Acesso em: 22 jul. 2025.
PEW RESEARCH CENTER. Teens and ChatGPT: Usage and Perceptions (short read). Washington, DC, 15 jan. 2025. Disponível em: https://www.pewresearch.org/short-reads/2025/01/15/about-a-quarter-of-us-teens-have-used-chatgpt-for-schoolwork-double-the-share-in-2023/. Acesso em: 22 jul. 2025.
REUTERS INSTITUTE FOR THE STUDY OF JOURNALISM. Digital News Report 2025. Oxford: University of Oxford, 2025. Disponível em: https://reutersinstitute.politics.ox.ac.uk/digital-news-report/2025. Acesso em: 22 jul. 2025.
UNESCO. AI Competency Frameworks for Students and Teachers. Paris: UNESCO, 2024. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000391104. Acesso em: 22 jul. 2025.
WORLD ECONOMIC FORUM. The Future of Jobs Report 2025. Geneva: WEF, 2025. Disponível em: https://www3.weforum.org/docs/WEF_Future_of_Jobs_Report_2025.pdf. Acesso em: 22 jul. 2025.
Caro Alexandre, acho perigoso usar a designação de ferramenta para a IA. Já sabemos (e estamos descobrindo) o impacto profundo da IA e de muitas tecnologias na linguagem por exemplo, e por isso, o impacto na construção de sentidos e visão de mundo. Há tambem o conceito de affordances, que propõe que as tecnologias determinam a forma como atuamos no mundo. Sendo assim, para além de uma ferramenta poderosa, o fenômeno da IA precisa ser conhecido, analisado, estudado de forma mais ampla.
Parabéns pelo texto, excelente para a discussão sobre competências da IA, necessárias para serem tematizadas na escola. Obrigada.